sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A Ilusão da Individualidade

Sementes ao serem plantadas carregam consigo uma série de informações genéticas que permitirão que elas tenham um desenvolvimento padrão para a espécie. Elas germinarão, crescerão e se tornarão belos girassóis. Mas eles não são iguais, dependendo da quantidade de nutrientes disponíveis, do tipo de solo e da insolação que receberem, eles podem ficar com diferentes tamanhos.

Homens são girassóis. Carregamos as informações genéticas inerentes à nossa espécie, mas elas não são suficientes para nos dizer quem somos. A nossa identidade, nossa essência, é resultado de uma intensa antropofagia que fazemos desde o nosso plantio até a última primavera. Isso é essencial pois é daí que surge a individualidade.

O problema é que, após um tempo absorvendo tudo à nossa volta e após imaginarmos que estamos realmente formados, passamos a acreditar que a nossa opinião é única e verdadeira, que os problemas não estão em nós e sim nos outros, e estamos sempre a postos, como cães farejadores, prontos para detectar, atacar e criticar todos os defeitos alheios, sem perceber que, na verdade, eles são muito semelhantes aos nossos.

Falta ao Homem reconhecer em si mesmo que ele é um produto do meio e, por conseqüência, ele é reflexo de todos à sua volta. Falta ao Homem reconhecer que ele é homens, que a individualidade é uma ilusão e que, como o girassol, ele simplesmente passa a vida acompanhando outros girassóis em um bem ensaiado e colorido ballet.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

petit poéme

Hoje eu não quero ir dormir,
estou com sede de novidades.
Quero simplesmente acordar,
Acordar sem nem ter dormido,
Dormir é perda de tempo
E faz com que o mundo gire
sem a gente saber.
Eu também tenho um tédio enorme da vida.

Enfim, em paz.

“A felicidade é uma gama de emoções ou sentimentos que vai desde o contentamento ou satisfação até à alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem ainda o significado de bem-estar ou paz interna. O oposto da felicidade é a tristeza. Em linguagem comum, quando se diz "estou feliz", está-se a utilizar o primeiro significado — o de emoção. Enquanto que se se diz "sou feliz", se está a utilizar o significado de bem-estar.” (fonte: Wikipedia)

Os últimos dias foram bem interessantes, não que coisas fabulosas tenham acontecido, mas foram dias de muita reflexão que culminaram com a tão procurada paz interna. Sim, meus queridos, eu estou feliz! Depois de semanas quase beirando a depressão, com constantes frustrações tanto materiais quanto emocionais, eu acredito que eu finalmente consegui abstrair com sucesso o que me atormentava os pensamentos; E em boa hora, afinal, estou na reta final do maior e mais importante objetivo para mim nessa atual fase da vida: entrar na São Francisco.

Estar bem consigo mesmo é sensacional. Hoje eu consegui voltar a gostar de ir pro cursinho, meu aproveitamento aumentou tanto na sala quanto em casa estudando e eu nem tive sono! Hahaha só falta agora voltar a escrever com a mesma naturalidade do ano passado quando esse pequeno e modesto blog era bom!




Para sêr grande, sêr inteiro; nada teu exagera ou exclui; sêr todo em cada coisa; põe quanto és no mínimo que fazes; assim em cada lago, a lua toda brilha porque alta vive.
Fernando Pessoa

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Post para mim mesmo

Sei lá, tenho estado bem estranho ultimamente. Parece que as coisas que eu gostava antes agora não fazem mais tanto sentido e não tem a mesma graça de tempos atrás. O mais estranho é que não há motivo algum pra isso! Talvez seja um lance que eu ouvi hoje sobre aproveitar inteiramente o momento, dar tudo de você se concentrando numa única tarefa e esquecendo o resto do mundo por um instante. Pelo jeito eu estou fazendo isso com maestria nessa cruel busca por uma vaga na universidade. Sinto que estou me afastando cada vez mais e mais das pessoas que eu gosto e das atividades que eu gosto e não consigo encontrar forças ou razão pra impedir que isso aconteça;

Pode ser também só uma confusão da minha cabeça. Ler os 3 principais heteronimos de Fernando Pessoa em um intervalo de tempo relativamente curto acaba confundindo a gente e não sabemos mais o que seguir:

Ricardo Reis e o seu Carpe Diem? Será que valhe a pena viver tanto assim o momento, se focar em algo e se alienar, mesmo sem querer, do resto do mundo? Ter tanta consciencia de que a vida é meramente efêmera e o que importa é só o hoje?

Ou Alberto Caeiro? parar tudo e simplesmente pensar com os sentidos, sentir tudo o que de fato é real e podemos comprovar com os nossos 5 sentidos e não com um livro ou aritimética. 2 + 2 só é quatro quando eu consigo pegar.

Ou quem sabe Alvaro de Campos? Seguir na vida como um automovel ultimo modelo e sentir tudo de todas as maneiras? Muitas pessoas escolhem esse caminho, utilizam a internet para saciar seus desejos de saber mais e mais via twitter, orkut ou facebook.

Acho que não fez sentido algum o que eu escrevi. Na verdade eu só queria deixar claro pra mim mesmo que eu estou ficando realmente confuso e não sei bem o que quero da minha vida. Aliás, eu sei só uma coisa. Talvez esteja ai o problema. Eu só quero uma coisa.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Nostalgia pura

Hoje eu estava procurando algumas folhas em branco para continuar fazendo exercícios de química e coisas assim... Quando encontrei uma coisa curiosíssima que todos, na minha opinião, deveriam guardar: os cadernos da oitava série.
AH! A nostalgia, um sentimento muito bom, se é que se pode chamar de sentimento. Uma sensação que normalmente nos remete a coisas boas por pior que tenha sido a sua oitava série e, eu sei, provavelmente ela foi uma merda, mas mesmo assim, nos lembramos dela com um certo carinho especial porque, provavelmente, você era mais feliz ou pelo menos tinha menos responsabilidades.
Divago... Divago... e volto ao caderno da oitava série. Folheando suas velhas páginas cheias de garranchos incompreensíveis e frustradas tentativas de aprender matemática, eu encontro um texto: Um texto bem extenso por volta de 7 paginas de um caderno universitário ( para um garoto de 14 anos é quase uma epopéia) escrito a lápis, com uma letra que eu tenho vergonha de admitir que foi minha, com uma breve historinha, provavelmente, fruto da minha esquisitíssima imaginação de pré-adolescente. Infelizmente, está faltando uma pagina que foi visivelmente arrancada no clímax da história e eu não fui capaz de reescreve-la com sucesso.
Espero que gostem!
Vou postar mais alguns textos que eu achei no caderno em breve
Leandro

Nunca brinque com os mortos. Se hoje eu pudesse lhe dar um conselho, seria este.
Tudo aconteceu há um ano atrás no meu antigo colégio na zona Leste de São Paulo, eu e meus melhores amigos, Mario e Renato, estávamos numa chatíssima aula de matemática.
- Que tédio! – bocejei
Entre uma função do segundo grau e outra Mario surgiu com uma história sobre uma menina.
- Vocês souberam do que aconteceu?
- o que?
- Uma mina da sexta que morreu no teatro!! Vocês não ficaram sabendo?
Hesitei por um instante, não gostava muito de histórias de fantasma e gostava ainda menos quando estavam próximas... e essa era proxima demais.
- é é até parece, morreu na peça, só se for.
- não, cara. Alguém invadiu o colégio fugindo da policia e tava escondido no teatro, quando a menina entrou lá deve ter encontrado com o sujeito e ele a matou no camarim.
Renato achou que era só mais uma piada do Ma e sugeriu que no próximo intervalo fossemos até o teatro dar uma olhada. Eu, cagão como era, e ainda sou, tentei fazer com que eles mudassem de idéia... sem sucesso. Durante a aula eles foram discutindo coisas sobre gente morta e sites na internet e eu já ficando com o estomago embrulhado só de pensar.
- Calma meus lindos,acabei de lembrar mais uma coisa: querem saber como ela foi encontrada? Toda esquartejada! E pra piorar o cara escondeu os pedaços em potes de sorvete, bizarro né?
- e como sabiam que era ela?
- encontraram a cabeça pendurada na corda que segura o cenário no meio do palco...
Imagens da menina pendurada no palco começaram a passar pela minha cabeça, misturadas às palavras dos meus amigos, até serem interrompidas pelo professor.
- tenho certeza que o papo de vocês é muito mais interessante que Bhaskara, mas é bom vocês pararem de atrapalhar a aula ou vão pra fora.
- Professor – arriscou Mário – é verdade a historia da menina que foi morta no colégio?
- Claro que não! Todo ano surgem essas lendas urbanas, pura bobagem.
Quando o sinal tocou, pegamos a chave escondidos na sala do zelador e fomos correndo para o salão dar uma olhada. No palco não havia marcas de sangue ou cordas e eu já começava a achar que era só uma pegadinha do Mário, que jurou que era verdade. Ele disse que tinha ouvido a conversa dos pais da garota com o diretor pela manhã quando foi entregar um bilhete de sua mãe na diretoria.
Subimos para os camarins. Vasculhamos as araras e notamos que faltavam alguns figurinos que tínhamos usado na peça anterior.
- com certeza estavam cheios de sangue! – sugeriu Renato com um bilho estranho no olhar.
Sentindo náuseas, sentei no chão ao lado de uma fantasia de cachorro e notei algo embaixo do armário, deitei no chão e estiquei o braço para pegar uma carteira cor de rosa. Provavelmente de alguém do teatro. Abri para tentar descobrir de quem era e vi um rosto desconhecido e ao mesmo tempo muito familiar: era uma menina loira, olhos azuis e usava aparelho. Tinha um sorriso bonito até.
- É ELA! – gritou Mário – é a foto da menina!
Meus pelos ficaram totalmente arrepiados. Fui tomado de um medo que eu nunca sentira antes. Meus olhos fitavam aquele rosto inocente e talvez até angelical que ao mesmo tempo se tornara tão assustador.
- será que ela tem Orkut? Brincou Renato
- hahaha boa idéia! Vamo da uma olhada? Tem uma Lan House aqui do lado. Sugeriu Mário
Trancamos novamente o salão, mas não nos demos ao trabalho de devolver a chave. Saímos por uma porta lateral que dava para a rua e entramos na Lan House. Sentamos na maquina numero 8, ainda não me esqueci, e o Mario fez o login. Digitamos na busca o nome da menina: Tatiana Martins. Apareceram dezenas de pessoas. Eu estava meio distraído olhando a carteira e achei uma cartinha endereçada a “Tati Gangrena”. – tenta isso – e mostrei a carta.
Já na primeira pagina ela apareceu sorridente. A foto do perfil visivelmente editada no PC por um amigo. Um dos 523 que ela tinha no perfil. Renato clicou no scrapbook e começamos a ler scraps de pessoas que notaram a estranha ausência dela na escola e pediam explicações. Fomos ver o álbum e isso me deu um aperto. Várias fotos com amigas, com os pais em uma viagem, com um cachorro e... com o namorado. Caramba, aquela menina já tinha alguém. Será que ele já sabia? Mais uma foto; um beijo. Teria sido aquele o ultimo?
Perdido em pensamentos sentei numa cadeira ao lado. Era tão estranho entrar no perfil de alguém que estava morto. Eu já tinha feito isso antes com uma garota que morrera ao saltar de bungee-jump. Mas dessa vez era tão diferente! Eu estava com o RG dela em mãos. Parecia que éramos amigos há anos.
Acordei do meu transe com as risadas dos meus amigos. Eles estavam deixando scraps para a garota.
- E ae lindona? Que tal a gente se ver? Me liga! Se você não conseguir discar pede ajuda pra alguém!
Renato também deixou o dele mas eu não lembro direito. Só me lembro que começaram a me pressionar para também deixar um. Eu não queria, eu juro que não queria ter feito aquilo, mas eu tinha medo de ser ridicularizado por eles por não ter coragem de fazer isso. Covarde.
- Oi gatinha! Adorei suas fotos. Mesmo você estando um pouco diferente agora eu ainda quero te conhecer, vamos tomar um sorvete? Beijos! Dudu
Saimos da lan e voltamos para a escola, contamos para o professor que durante o intervalo o Renato tinha passado mal e ficamos com ele para dar uma força e ele acreditou. Durante a aula eu era só arrependimento. Será que era certo o que estávamos fazendo? Claro que não. Mas o Mário me fez acreditar que não tinha problema porque ela já estava morta mesmo.
Tentei esquecer, sem sucesso, e resolvi apagar o scrap assim que chegasse em casa. Acabada a aula fui direto pra casa e liguei o computador. - Vamos sim, vem comigo - Fiquei paralizado. O scrap mais recente na minha pagina de recados era uma resposta da menina. Não podia ser! Era obviamente uma pegadinha do Mário. Mas como ele tinha a senha? Liguei pra casa dele mas ele ainda não havia chegado. Entrei na pagina de recados dele e também havia uma resposta! Vem comigo. Vem comigo. As palavras piscavam para mim não importa para onde eu olhasse.
Liguei pro Mario novamente e nada. Liguei para o Renato, apavorado, e pedi pra que ele abrisse o Orkut.
- Tô passando ai! Alguma coisa deve ter acontecido com o Má! Vamo lá na casa dele
Me encontrei com o Renato e corremos até o prédio do nosso amigo, que era próximo, e o porteiro nos deixou subir. O elevador estava ocupado e corremos pela escada, subimos um, dois, três, quatro, cinco andares. Chegamos ofegantes à porta do numero 53 e tocamos a campainha. Nada. Tocamos novamente. Nada. Numa rápida troca de olhares decidimos tentar abrir a porta. Ela estava aberta.
- MARIO! CADE VOCE!!
- Cade você seu filho da puta?
Entramos no banheiro do corredor e ele estava úmido, como se alguém tivesse acabado de tomar banho, ainda havia vapor no ar. No espelho embaçado, uma mensagem: Tati.
Renato ajoelhou e começou a rezar. Eu não sabia o que fazer, nunca acreditei em Deus, mal sabia rezar. Reuni forças e sai do banheiro em direção ao quarto de Mário, fui me sentindo fraco e as luzes pareciam diminuir a cada passo. No escuro, pude sentir o cheiro de sangue. Comecei a chorar. Abri os olhos e vi a menina no fim do corredor, o corpo molhado e vermelho, com a mesma cara angelical das fotos e um sorriso hipnotizante. Ela veio em minha direção murmurando “vem comigo...Edu, vem comigo”. Ela estava há menos de meio metro de mim e eu podia sentir suas mãos molhadas em meus braços. Como por instinto peguei um velho canivete que fora do meu avô e de olhos fechados comecei a esfaquea-la, sem ter certeza se de fato isso adiantaria. Exausto, dei alguns passos para trás e desmaiei.
Acordei com o Renato me chamando. A cara dele era de profundo desespero.
- Meu deus Edu!! O que aconteceu?
Me levantei com muito esforço e pude ver o corpo de mario no chão cheio de sangue do quarto. Tive vontade de vomitar e chorar ao mesmo tempo. Desesperado, quis ir embora. Renato hesitou, devíamos deixar o corpo ali? Tivemos medo de sermos incriminados e fugimos do apartamento. Sai de lá ainda abalado, fui direto pra minha casa, combinei de encontrar com Renato mais tarde para pensarmos no que fazer. A policia nunca acreditaria na historia de uma menina morta com sede de vingança! Deitei no sofá tentando afastar os pensamentos, eu era o próximo, tinha certeza disso.
Eu estava saindo de uma sala de aula que não era a minha. Desci as escadas em direção ao pátio e fui na direção do teatro. Algo me guiava, não sabia o que, só sentia uma vontade muito grande de ver uma peça. Entrei no corredor que dava para o teatro e vi uma garota com uma cara assustada tentando abrir a porta de acesso ao teatro. Ela parecia estar fugindo de alguém. Escutei passos no outro corredor e olhei, a coordenadora vinha com uma cara furiosa na minha direção. Fui na direção da garota e perguntei se ela precisava de ajuda. Ela não me notou. Abriu a porta com uma chave que eu reconheci, eu já a tinha roubado algumas vezes, e entrou.
A coordenadora nada notou, seguiu pelo corredor e nem deu atenção à porta. Alguns minutos depois ouvi um grito de socorro que foi rapidamente abafado. O zelador veio correndo na direção da porta com o olhar sério. Então o zelador sabia da menina? Ele sabe quem é o assassino! Entrei no teatro e vi a cena mais repugnante da minha vida. O zelador e um homem estavam arrancando a roupa da menina que estava com um pano na boca para não gritar. Tentei chamar alguém, em vão. Não havia nada que eu pudesse fazer. Eles nem sequer sabiam que eu estava ali. Assisti toda a cena sem reação. Comecei a rezar, inconscientemente, mas, definitivamente, estava rezando.
Os dois homens, saciados, levaram a menina para os camarins e começaram a bater nela. O homem tinha uma faca e começou a esfaquea-la até que morresse. Uma porta se abriu, era o diretor. Fechei os olhos e não quis mais ver o resto. Cheguei a desejar que eu morresse também, aquela cena era horrível demais.
Acordei com a minha mãe me dizendo para ir dormir na cama e não no sofá. Não sonhei mais nada aquela noite.
No dia seguinte, o Renato faltou. Não conseguia me concentrar. Me sentia frágil demais sem a presença deles, eu nunca fui o mais forte do trio. Fui embora mais cedo alegando que eu estava me sentindo mal. Fui direto pra casa do Renato, toquei a campainha e ninguém respondeu. Nós éramos amigos desde infância, então eu sabia onde ficava a chave reserva. Abri a porta e entrei. Chamei por ele e não obtive resposta. A escada estava cheia de sangue. Suando frio, subi até o segundo andar e notei que o tapete estava encharcado e saia muita água pela porta do banheiro. Abri a porta e vi que a banheira estava transbordando. Afastei a cortina que escondia a banheira.
A culpa é sua. Estava escrito na parede com letras de sangue. A água da banheira estava vermelha e o corpo de Renato estava lá dentro. Sem pensar corri para o lugar mais próximo, a escola. Não queria ficar em casa, eu tive medo, muito medo. Deixei que meus pés me levassem a algum lugar qualquer, eles me levaram para o teatro. O lugar que antes era meu porto seguro agora era a minha ruína. Meu coração batia acelerado. Por que eu estava lá? Eu sentia que ia morrer. Ela ia me encontrar. Tomado pelo medo, ouvi uma voz. Era ela, eu tinha certeza. Fui até a janela e sentei no beiral. Eu não ia deixar que ela me levasse, eu ia morrer antes. Pulei.
Acordei assustado, eu suava. Enfim, foi apenas um sonho. Sentei na cama e tentei sorrir, tentei rir tamanha a viagem que tinha sido o meu sonho. Peguei até o telefone para ligar pro Renato e contar mas a minha mãe me chamou.
- Dudu você pode descer aqui um minuto?
Obedeci, desci as escadas ainda meio tonto e ainda com o uniforme. Fui até a cozinha e minha mãe servia café para dois policiais. Eu reconheci um deles, era o homem do sonho.
- Senhor Eduardo? Por favor, sente-se.
Sentei e comecei a suar frio. O que estava acontecendo?
- O senhor conhece estes dois garotos?
Eram fotografias do Mario e do Renato.
- Sim, são meus melhores amigos! O que houve?
O policial olhou para mim como se tentasse obter alguma informação.
-Seus amigos estão mortos, você pode nos acompanhar?
Levantei com dificuldade. Mortos? Mas como? Foi tudo um sonho! Senti um peso no bolso, tateei e senti algo frio.. era o velho canivete de meu avô, só que coberto de sangue.
Fui levado preso até a delegacia onde ouviram meu depoimento. Jurei inocência e expliquei o que tinha acontecido, contei sobre a garota, a escola, a casa de Mario e a de Renato. Eles não acreditaram em mim, eles tinham o depoimento do porteiro que me viu entrando sozinho no prédio de Mario e saindo com as roupas ensangüentadas.
- É MENTIRA! – protestei – o Renato estava lá comigo!
Estava desesperado, pedi que me dessem uma chance de provar, bastava entrar no meu Orkut e ver o recado. O delegado depois de muita insistência aceitou e eu pude fazer o login. Só que quando entrei no scrapbook, o recado não estava lá. Procurei pelo perfil da garota morta mas também não consegui encontra-lo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Sem título, que nem o Palmeiras

Salve salve! Perdão pela longuíssima ausência tanto minha quanto da Tati, mas, vocês sabem, vestibular suga todo o nosso tempo e também nossas energias e, nessa reta final, não deu MESMO pra escrever algo aqui.

Desculpem, mas eu vou ter que falar de vestibular! Existem rumores de que essa semana sai a tão temida nota de corte da FUVEST, nota essa que é tão temida pelos alunos e tão amada pelos cursinhos porque é quando começam as rematriculas e eles ganham mais e mais dinheiro!

É com essa nota que nós vemos se o nosso esforço foi suficiente ou insuficiente, ela é talvez a patada definitiva ou o ultimo sopro de esperança pros dias 3,4 e 5 de janeiro que nos farão ter o ano novo mais angustiante das nossas vidas e o começo de janeiro mais desesperador enquanto esperamos a lista dos aprovados e ganhamos uma gastrite nervosa... Se é que alguns de nós já não estamos com ela!

Hoje soltaram um boato na sala de aula que a nota sairia pela manhã, foi um desespero totaaaal! A galera formou uma fila pra bombardear o coordenador de vestibulares e perguntar se já havia saído a nota de corte, foi engraçado.

Bom, talvez essa semana sai o corte e eu divido essa angústiazinha com vocês. E desculpem também pela falta de ânimo, esses últimos dias estão bem difíceis!

Beijos e abraços
Leandro

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Penso.

Por Tati Rosset

Paro e penso. No que? Não sei, só sei que penso. “Penso, logo existo”. Será? De que adianta pensar, de que adianta falar, se o que penso é vivo e o que falo é uma mera nuvem, perdida no ar...

Que sensação é essa?Ferve-me o sangue, meu cérebro tenta raciocinar. Inútil. Imprestável. Desisto.

Tentei acordar. Tentei desistir. É um vício. Caminho levemente ate a pia mais próxima, água. Incolor, inodora, insípida. Podia ser assim. Cores, cheiros e gostos não me fariam lembrar, ao contrário, me fariam esquecer, já que nada no mundo material me faria pensar, recordar, a não ser a própria água.

Chuva, vou caminhar.

É a água que bate no meu rosto, é a sensação de estar viva, é o motivo. As torres da cidade não vão me atrapalhar, o a ressaca dos mares não vão me segurar, o vento dos campos não vão me acalmar. Cinza, azul, verde. Cores.

E o tempo passa devagar, uma semana parece um mês. Tem algo errado comigo, desisto. E uma música começa a tocar, e sou levada, arrastada, sugada por ela. Levada até não poder mais.

Música, vou descansar.