segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Penso.

Por Tati Rosset

Paro e penso. No que? Não sei, só sei que penso. “Penso, logo existo”. Será? De que adianta pensar, de que adianta falar, se o que penso é vivo e o que falo é uma mera nuvem, perdida no ar...

Que sensação é essa?Ferve-me o sangue, meu cérebro tenta raciocinar. Inútil. Imprestável. Desisto.

Tentei acordar. Tentei desistir. É um vício. Caminho levemente ate a pia mais próxima, água. Incolor, inodora, insípida. Podia ser assim. Cores, cheiros e gostos não me fariam lembrar, ao contrário, me fariam esquecer, já que nada no mundo material me faria pensar, recordar, a não ser a própria água.

Chuva, vou caminhar.

É a água que bate no meu rosto, é a sensação de estar viva, é o motivo. As torres da cidade não vão me atrapalhar, o a ressaca dos mares não vão me segurar, o vento dos campos não vão me acalmar. Cinza, azul, verde. Cores.

E o tempo passa devagar, uma semana parece um mês. Tem algo errado comigo, desisto. E uma música começa a tocar, e sou levada, arrastada, sugada por ela. Levada até não poder mais.

Música, vou descansar.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Paulicéia desvairada


Por Tati Rosset

Bom, o Lê provavelmente vai escrever sobre o dia de hoje também, mas como eu cheguei em casa mais cedo (e sóbria, palmas pra mim), resolvi vir adiantar nosso tão glorioso dia pela nossa querida e amada cidade.

Tudo começou apenas como um programa que há tempos vinha sendo combinado pelos meus queridos amigos nipônicos (menos a Claudia, deixando claro) de ir à exposição das vanguardas Russas no CCBB. E daí parte minha primeira teoria filosófica do dia: “Por que chamamos de arte o que chamamos de arte?”. Confuso, eu sei, mas nem tanto.

Aprendemos a nossa vida inteira que cultura é importante, que é preciso gostar de artes, entendê-las. Mas quem realmente as entende? A arte é um reflexo da sociedade, é só parar por pouco tempo para perceber que elas são o retrato fiel das revoluções de sua época. O Renascimento durante as grandes navegações, as vanguardas Russas durante a Revolução Russa. São conseqüência de experiências de vida. Mas por que elas são chamadas de arte? O que elas tem que aquela sufite que eu fiz outro dia a tarde não tem?

Eu acho que consigo definir isso de uma maneira bem simples: pelo menos pra mim, com todo meu requinte artístico e habilidade com pinceis e criticas (ironia), posso dizer que elas são tudo e não são nada ao mesmo tempo. O que importa não é a pintura, é o que o artista pensou na hora que ele passou aquelas figuras geométricas sem sentido algum em óleo para a tela. Para mim, é preciso olhar para uma pintura de forma meio desfocada, sem olhar objetivamente. Perca o foco uma vez na vida. Repare na moldura, na textura, nas cores, na técnica. Não olhe um quadro como uma peça única, olhe para ele como se ele fosse como um apanhado de materiais que foram parar ali por acaso: para mim, essa é a grande beleza da arte, é o que faz dela algo único, o sentimento.

Após essa bela reflexão artística e filosófica do dia, eu e meus queridos amigos de sala resolvemos passear pelo centro velho de São Paulo. O dia estava a coisa mais linda do mundo, o céu estava de brigadeiro, e o visual não podia ser mais perfeito. Umas 15 pessoas, com malas nas costas, óculos escuros ou de grau, andando pelo centro velho, e refletindo sobre tudo aquilo, pensando em como a vida podia ser melhor que aquilo, em como vai ser o ano que vem, pensando em nós. O centro velho de São Paulo ajuda nisso tudo.

Passei pelo ponte da Liberdade, fui até a minha futura faculdade e do Lê, passei pelo Anhangabaú num fim de tarde maravilhoso, e terminei na Ipiranga com a Avenida São João. A vida é boa, e são desses pequenos momentos que ela é feita, desses dias que misturam cultura, filosofia, um céu azul, e alguns amigos pra contar história.