sábado, 19 de setembro de 2009

Nostalgia

Hoje o dia foi difícil. A principio o de sempre... sabadão, acordar cedo, metro quase vazio, cursinho e almoço com os pais. 15:30, levanto do sofá e vou pro teatro São Francisco em um colégio da zona leste para assistir a uma peça do meu antigo grupo de teatro.

Foi divertido, não nego. Eles são ótimos. Mas não consigo descrever a sensação ruin, o aperto na garganta que me deu em ter que assistir à peça da platéia e não da coxia. Maquiado, caracterizado, vivendo teatro. Respirando teatro.

Sinto falta. Sinto falta do aperto no coração 5 segundos antes de pisar no palco e dar a cara a tapa pra uma platéia desconhecida que você não imagina como será até ouvir a primeira risada. Oh heavens! Como é boa essa primeira risada. É essa risada que vai ficar na cabeça de todos nós durante toda peça. É a risada do alívio, aquela que nos diz: Conseguimos! Está dando certo! Vamo lá gente! Ou simplesmente nos diz... haha piada boa.

Sinto falta das concentrações antes de uma apresentação. As conversas de camarim. As piadas ruins. As pessoas desesperadas tentando decorar fragmentos de texto com metade do figurino. As brigas com a namorada. AS reconciliações. As brigas entre amigos “NÃO ERRA DE NOVO PORRA!”.

Foram sete anos. Sete anos de puro prazer, diversão, gastrite, nervos explodindo e, principalmente, amizade. É uma pena que uma prova estúpida no fim do ano tenha me obrigado a largar vocês. Muito obrigado amigos! Morro de saudades de vocês.

Auad, Denise, Jessica, Miguel, Napô... parabéns pela peça hoje! E que a cantora careca continue sempre com o mesmo penteado.

Por um ator desempregado
Leandro M.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A ópera das festinhas de criança

Por Leandro M.

Existe algo mais abominável do que festinhas infantis? (Aulas duplas de português em um sábado de manhã não contam)

Essas festinhas são sempre absurdamente iguais e irritantes. A estrutura é simples: os operários, que são jovens estudantes que só querem faturar uns trocados e os convidados, que se subdividem em familiares próximos, familiares desconhecidos e os perdidos, não familiares, no caso, eu.

Eu ultimamente tenho estado sem inspiração pra escrever, mas esse ambiente tão agradável com aroma de coxinha me animou tanto que eu juntei alguns guardanapos, peguei uma caneta de um vovô desconhecido e comecei meus rabiscos. (Sempre achei que escrever no ônibus era o fim, mas agora estou escrevendo ao som de Xuxa!)

Como estava dizendo... Eu, no caso, me encaixo nos perdidos. Essa subcasta é basicamente aquela galera q só vem pra comer, não conhece ninguém e chega já com vontade ir embora. Se empanturra de salgadinhos e cerveja e depois passa mal. Não que isso tenha acontecido comigo, claro!

Uma das horas mais irritantes marcantes é a das brincadeirinhas de buffet! Meeu Deus como eu odeio. É aquele momento que vem aquele monte de gente te chamar pra pintar a cara de Homem Aranha e brincar no pulapula enquanto as criancinhas comem o lanchinho ao som de "come come come pra mamãe ficar contente". Talvez a pior parte é quando os seus pais vão participar das tais torturas morais e você fica sem as únicas pessoas que conhecia.

Outra hora que eu não agüento mais é a da retrospectiva. Retrospectivas são podem ser legais em festinhas de 15 e 50 anos porque (quase) sempre tem aquela desenterradinha e tal... Mas quando vc passa a acompanhar a trajetória da mesma pessoa há anos começa a ficar chato. Sem contar que o universo de fotos utilizáveis é de apenas um ano, o que torna tudo muito mais entediante.

Acabou o parabéns! Hora de comer bolo e ir EMBORA antes que aquele cara vestido de urso venha atrás de mim. De novo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

um nada.

por Tati Rosset

Você não tem escolha. É o momento decisivo, o momento final. Sem páginas a virar, sem histórias a escrever. É o agora. O passado passou e o futuro é uma ilusão. É esse milésimo de segundo, entre um sim e um não.

Você olha para os lados, procurando. O que não sabe, mas busca sem hesitar. Olha para um lado, para o outro, inquieto. Um ataque, uma mentira, um baque. E você ali, não podendo fazer nada. Indisponível, fora do ar.

Outro milésimo de segundo e tudo muda de figura, mas não para você. Tudo fica mais lento, mais estagnado. Seria você? Ou seriam eles? Você não sabe, mas algo está muito errado. Seu mundo não parou, você sabe, mas por que você não consegue sair do lugar? Seus músculos paralisados, como se não existissem. Mas você permanece sustentado por eles, em pé, firme...

Bye Bye. Uma música toca. O vizinho? Sua cabeça? Não sabe, apenas acompanha o ritmo, sem mexer os olhos, os músculos, os ossos. Um solo de guitarra tenta te tirar do seu transe. Inútil. Let the evening ends. Mas seria noite, dia, crepúsculo ou amanhecer?

Você, um violino, uma taça de vinho e nada. Tudo parado. Tudo mudado. Tudo esquecido. Todo um passado passado em branco. Será que você existe? Ou você é uma ilusão, fruto da imaginação coletiva? Nem você sabe, o que dirá os outros.

Os outros nada dirão, você nada pensará, nada entenderá. Take a sad song and make it better. Mas que música, se sua cabeça se transformou num buraco negro incontrolável? Um resultado não alcançado.

Um nada. She’s leaving home.